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domingo, 17 de março de 2013

A Figueira Infrutífera



"Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; e indo procurar fruto nela, não o achou. Disse então ao viticultor: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; para que ocupa ela ainda a terra inutilmente? Respondeu-lhe ele: Senhor, deixa-a este ano ainda, até que eu cave em derredor, e lhe deite estrume; e se no futuro der fruto, bem; mas, se não, corta-la-ás" (Lc.13.6-9).
Esta parábola começa com algo estranho: "uma figueira no meio da vinha". Vinha é uma plantação de videiras. Por quê haveria ali uma figueira? Por uma concessão e propósito do proprietário.
Neste texto, como em outras passagens bíblicas, o ser humano é comparado a uma árvore.
O dono da vinha é Deus, o Pai. Se estamos no meio da vinha do Senhor, é apenas por sua graça e amor. Não temos a natureza e a qualidade correspondentes à santidade divina, mas vivemos pela misericórdia. Nunca deveríamos fazer exigências diante de Deus com base em direitos ou méritos. Reconheçamos a graça e sejamos gratos.
Todo cultivo representa investimento e tem um propósito. Nesse caso, o objetivo era a frutificação. O Senhor tem expectativas ao nosso respeito. Ele fez grande investimento em nossas vidas e o maior deles foi o sangue precioso derramado no Calvário. Além disso, ele nos deu o seu Santo Espírito e dons e ministérios.
Os frutos são resultados esperados. O problema é que a expectativa de Deus é, geralmente, diferente da nossa, assim como pais e filhos têm, quase sempre, diferentes desejos e planos. Os pais se preocupam com a saúde, o caráter, a formação educacional e profissional do filho, mas ele, sendo uma criança, talvez queira apenas um brinquedo novo. O que temos desejado, planejado e realizado? Quais têm sido nossas prioridades?
O texto fala sobre um tempo de avaliação. Quando chegamos ao final de cada ano, fazemos avaliações. Aqueles a quem Jesus se dirigia tinham a tendência de avaliar os outros (Lc.13.1-5), mas precisamos fazer o auto-exame (ICo.11.28). Quando o fazemos, é possível que nos gloriemos de muitos resultados que talvez não sejam os que Deus deseja.
Uma figueira pode ser alta, forte, bonita, com folhagem exuberante e até flores, mas, se não tiver fruto, não estará cumprindo sua missão. Todas essas características são boas, porém insuficientes. O bom não substitui o melhor. Afinal de contas, para quê servimos nós? Para produzirmos sombra? Somos enfeites? Nossa madeira terá alguma utilidade? Nossas folhas servirão como vestimentas? (Gn.3.7). O que o Senhor procura em nós é o fruto. Muitos objetos podem produzir sombra, mas a figueira existe para produzir figos.
Podemos ter alcançado tantas coisas nesta vida: dinheiro, bens, posições, cargos, títulos e, ainda assim, não termos produzido fruto.
Quando Jesus voltar, muitos apresentarão um relatório diante dele, dizendo: Senhor, em teu nome nós profetizamos, expulsamos demônios, fizemos sinais e maravilhas. Então, ele lhes dirá: Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade (Mt.7).
Desta passagem bíblica, entendemos que o exercício dos dons espirituais não é fruto diante de Deus. Tanto é assim que, nos escritos de Paulo, os dons (ICo.12) estão separados do fruto do Espírito (Gal.5.22). Podemos trabalhar muito e não produzir o que Deus espera de nós, assim como Marta trabalhava, mas não agradava ao Mestre (Lc.10.40).
O que seria então o fruto? O antônimo da iniquidade. Não é apenas evitar o pecado, mas fazer algo positivo em seu lugar. "Cessai de fazer o mal e aprendei a fazer o bem..." (Is.1.16-17). O fruto do Espírito é o contrário das obras da carne (Gal.5.16-22). Podemos resumi-lo em duas palavras: santificação e amor. A santificação combate o pecado. O amor não nos deixa inativos, mas nos faz produzir.
Outra forma de definir o fruto é "aquilo que fazemos de bom por outras pessoas". O que eu fizer por mim mesmo não vale como fruto. Nenhuma árvore produz fruto para si mesma. Podemos comer e beber do melhor todos os dias, mas nada disso supera o valor de um copo d'água dado ao sedento (Mt.10.42).
Naquela parábola, o dono da vinha veio procurar o fruto e, não o achando, ficou decepcionado. A figueira é um símbolo de Israel e representava diretamente aqueles judeus aos quais Jesus contou a parábola. Em última instância, ela nos representa também, pois Deus tem a mesma expectativa a nosso respeito.
Não tendo achado o fruto almejado, o Senhor mandou cortar a figueira. Temos neste ponto a manifestação da justiça divina. Em seguida, ocorre a intercessão. O viticultor parece representar o Senhor Jesus, que é nosso advogado diante do Pai (IJo.2.1). Personificando o amor divino, ele clama: "Senhor, deixa-a mais este ano". Então, a execução judicial foi adiada.
Cada dia das nossas vidas é uma nova oportunidade. Se estamos ainda nesta terra, é porque não fomos cortados. Ainda podemos frutificar.
O viticultor se prontificou a cuidar da figueira, cavando em volta e adubando. O Senhor ainda se propõe a investir mais em nós. O processo pode ser difícil. Cavar em volta pode ser um procedimento incômodo que vêm romper com a dureza do solo e expor o que está oculto. O adubo pode não ser agradável, mas é necessário. Precisamos aprender com as coisas ruins que nos sobrevêm.
Que Deus nos ajude a reconhecer tais processos em nossas vidas, de tal maneira que não venhamos a rejeitar a divina intervenção.
A figueira ganhou tempo, mas uma nova avaliação já está marcada. O juízo final se aproxima. Precisamos frutificar enquanto Deus nos permite.
Jesus disse àqueles homens: "Se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis" (Lc.13.5). O arrependimento é o primeiro fruto que o Senhor procura. Este foi o tema da pregação de João Batista e também do Senhor Jesus ao iniciar o seu ministério.
Arrependimento é conscientização, desejo, decisão e mudança. Que Deus nos ajude para que possamos produzir os frutos que ele procura em nós.

Autor: Pr.Anísio Renato de Andrade
www.anisiorenato.com

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